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14 de abril de 2012

Alternativo x Mainstream: A Hibridização de Estilos

Pouco mais de dez anos atrás, era possível identificar qual subcultura alguém pertencia apenas ao olhar suas roupas. Roqueiros, punks, headbangers, rockabillies, deathrockers e góticos tinham estilos muito característicos, chegavam até a serem estereótipos ambulantes, uma aderência quase fascista à subcultura em que se fazia parte. Seus estilos praticamente não se misturavam exceto por algumas peças e acessórios em comum. Também era raro ver uma loja alternativa trabalhando com criações semelhantes à do mainstream.
No entanto na última década (diz-se que com grande ajuda da globalização e da internet), as subculturas começaram a adotar roupas e acessórios de outras subculturas e da própria moda dominante numa tentativa de criar variações estéticas que vão além dos estereótipos, criando estilos mais "individualizados". Quem evita essa mistura, acaba se mantendo no conceito de "underground":
No fim da década de 90 nos EUA, a Moda Lolita e o Visual Kei (estilos originários do Japão) começaram a influenciar criações na moda alternativa americana. A cantora/banda Emily Autumn incorporou uma moda japonesa americanizada, estilo "boneca quebrada"; mas as maiores divulgadoras da estética japonesa versão americana foram Amy Lee, cuja estética que mistura rock, gótico e marcas alternativas japonesas e Gwen Stefani que mostrou ao mundo pop referências à moda de harajuko em seus clips e figurinos de palco.

Na moda dominante, tirando Vivienne Westwood que sempre flertou com o punk, Alexander McQueen, Gareth Pugh, Rick Owens, Yohji Yamamoto, as marcas Zac Posen, DSquared2 e Balmain, incorporaram elementos alternativos (góticos/heavy metal) em suas criações. Assim como em anos recentes, estilistas e lojas alternativas, adotaram estéticas da alta moda em seus trabalhos.

Em 2008, uma exposição sobre a influência (e poder!) da moda gótica na moda dominante foi feita no museu de moda de Nova York:
Já dei o exemplo neste post da influência da ex-garota fetichista underground Dita von Teese e como sua estética e seu gosto retrô influenciaram a moda dominante (e a moda alternativa) a partir do momento em que ela virou musa de designers que criam tendências mundiais.

Os cabelos coloridos, antes simbolo de rebeldia, hoje estampam capas e editoriais da W, Vogue, Marie Claire, Glamour e até as cabeças de artistas pop como Kate Perry, que ajudam a disseminar a "tendência" entre as pessoas "normais".
Até o látex e vinil, materiais tão underground e relacionados à fechada subcultura fetiche, dominaram a mídia em artistas como Pussycat Dolls, Lady Gaga, Rihanna, Christina Aguilera...
No exterior, em anos recentes, houve uma busca desenfreada por modelos com características físicas diferentes como cicatrizes, dentes separados, tatuagens, obesos, tudo sob o título de "seja origianal, seja você. A moda te ama como você é!"
Mas observem, o contrário também está acontecendo: a moda mainstream está invadindo a moda alternativa! É cada vez mais comum tendências da moda dominante inseridas na moda das subculturas.

Hoje em dia, se você ver uma pessoa alternativa na rua, você saberia adivinhar com 100% de certeza qual subcultura ela é parte ou se identifica? Ou o visual da pessoa é tão híbrido com o de outras subculturas e com moda mainstream que fica difícil fazer um palpite certeiro?

A moda/cultura alternativa híbrida com a moda mainstream é um tema tão vasto (esse blog é a prova disto!) que alguns posts que estão por vir serão análises específicas sobre essa mistura, inclusive num dos posts haverá um questionamento que anda comum em livros publicados recentemente sobre subculturas. Quero fazer vocês refletirem um pouco, ao invés de só absorverem informação. Fiquem ligados! 

Comentários via Facebook

13 comentários:

  1. Adorei o tema! (e adorei também a palavra hibriditização! hehe!)

    Eu sou a favor da hibriditização. Respeito as subculturas e os movimentos relacionados a elas em cada período e acho que todos foram importantes e interessantes. Mas estamos no século 21, muita coisa mudou, muita tecnologia, muita informação, todo mundo tendo acesso a conteudos que antes eram tão fora de alcance e tendo também varias formas de expressão em relação a tudo isso.

    Se é para termos algo na moda que marque essas novas décadas, eu ficaria feliz que fosse justamente a mistura da subcultura com o mainstream, não desvalorizando a subcultura, mas mostrando o quanto a subcultura é usável, respeitável, e uma forma bacana da expressão de si mesmo.
    Todo mundo pode usar cabelo colorido, todo mundo pode usar coturno, jaquetas de couro e penteados pinup. Uma coisa que nunca fez com que eu me encontrasse em alguma subcultura em específico é isso das "regrinhas" de cada uma. Eu gosto de detalhes de um estilo, detalhes de outro estilo, e outro estilo, e com todos esses detalhes a gente constrói o nosso próprio visual, a pura expressão do que a gente realmente é, e acho que ninguém é totalmente uma coisa só, uma coisa tão pré-definida que é como acontece nas tribos.

    Ansiosa pelos próximos posts, com certeza tá vindo um conteúdo bacana por aí! \o/

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    1. MUITO interessante sua opinião Chibi! Tem TUDO a ver com os post que estou escrevendo baseado em livros recentes sobre as subculturas.
      É + ou - isso mesmo que você disse: século 21, internet, gostos individuais...
      Que ótimo que você se interessou pelo tema! =D
      Bjs!

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  2. Muito bom!
    Também sou a favor como a Chibi.
    Algo que tem se mostrado cada vez mais marcante é o chamado "consumo autoral", onde o consumidor também é autor como o próprio nome diz - podendo dar um novo significado àquilo que adquiriu, criando um estilo pra chamar de seu.
    Também estou ansiosa pelo post!

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    1. O consumo autoral tem em sua base a satisfação pessoal, diz-se que não é pra ter status, mas fala-se em "pagar o preço" pra ter o que se quer. Como indivíduos, ok, pode ser uma forma de consumo, mas em termos subculturais é exatamente esse tipo de individualismo da pós modernidade que as está "destruindo". Antes as subculturas eram um comportamento de grupo, de união, hoje em dia é cada um por si e cada um pego da subcultura o que lhe interessa.

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  3. Eu acho que é uma faca de dois gumes,por um lado,temos mais alternativas de consumo,fica mais fácil encontrar itens para nosso guarda-roupa que ha alguns 15 anos atrás por exemplo não encontraríamos.Esse lado é muito bom.
    Mas também acho que sinto um certo ciúmes ao ver pessoas que não gosta de uma coisa,mas usa por que está na moda,ou porque a celebridade fulana de tal usou,sabe aquele adereço?,aquela caveirinha que vc sempre sonhou,passeando por aí no corpo de uma garotinha que não dá o mínimo significado para aquilo que ela está usando?
    Sabe,era nossa música,eram nossas bandas,que usavam essa moda,agora ver Rihanna,por exemplo,usando corset de couro cheio de spikes,é no mínimo triste.
    Eu acho que perdemos com isso,como subcultura,perdemos um pouco da identificação,eu particularmente gostava do tempo em que,as roupas,cabelo e acessórios que eu usava era estranho,era fora do comum,que ninguém usava roupa preta,e quem usava tinha um porque de usar.
    Emfim, todos podem usar as roupas ou cabelos que quiserem,não sou contra isso,de forma alguma,mas desde que seja significativo,desde que aquela roupa,aquele acessório seja uma expressão cultural.
    Moda underground pra mim é expressar na roupa,make,etc, uma ideologia,um gosto,uma preferência.

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    1. Concordo!!
      Mas lendo os textos e livros sobre o tema me surpreendo como certas coisas fazem sentido... é triste, mas talvez daqui pra frente, se nada por parte das subculturas for feito, elas estarão cada vez mais dentro do sistema do que fora.
      Eu vejo a geração mais nova com pensamentos conservadores e consumistas, cada vez mais agregados aos valores da cultura dominante e pegando das subculturas apenas o que lhes interessam.

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  4. Exatamente isso que vc disse:pegam pra si apenas o que lhes interessam.
    Sem ter nenhuma apreciação ou conhecimento sobre aquilo.O contrário da pessoa que ama a subcultura,que usa por identificação.Um moicano,não é apenas um cabelo espetado pra um punk e por aí vai...

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  5. eu acho q isso só tem um propósito, ganharem dinheiro, por isso estão misturando as coisas... fundir as duas pra algo de maior consumo... ao meu ver nunca vão valorizar a subcultura de verdade, isso é um escape, pra populariza-la de uma maneira mais 'vendida' e glamurosa.

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  6. Olá ^^ eu lí o blog algumas vezes mas dessa vez esses posts realmente me fizeram refletir em coisas que eu já pensava.
    Realmente não sei se sou tão a favor da hibridação,talvez esteja em um meio termo no assunto mas fico um pouco impressionada pois por diversas vezes essas características como caveiras,cabelo colorido e peças com tendência ao goticismo e entre outras estejam mais acessíveis para as pessoas, acho isso bom pois a dificuldade de se encontrar uma peça dessas diminui bastante mas ao mesmo tempo fico um pouco chocada ao ver na internet mesmo pessoas que usam essas características apenas por serem "tendências" sou nova e lembro que anos atrás usar coisas de caveiras, brincos de faca e entre outros eram peças exclusivamente de difícil acesso e de pessoas de uma cultura diferente, talvez esteja sendo muito extremista mas não gostaria de ver mais tantas pessoas usando por "estar na moda".
    Desculpa o comentário enorme...mas foi uma espécie de "desabafo" ^^'

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    1. Oi! ^^
      Não te acho extremista não, você tem sua opinião. =)
      Não se preocupe com o comentário "enorme", eu não sou preguiçosa pra ler e certos assuntos dão pano pra manga! =)

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  7. Hyy, Kon ban waa!!
    Gostei muito do post, e é um assunto q venho pensado em vez.
    E minha opinião é contra!- não totalmente acho q realmente com a hibridização seria mais fácil adquirir nosso estilo, mas também facilitária aos posers e wannabes.
    É como a *This is my world* e a *Tsuki Thamie* comentaram, os comentários delas descreveram tudo oq sinto. Também tenho ciúmes-(e bem fortes)-como um preconceito q me causa revolta e ódio. Oq eu fico meio perdida pois acho q preconceito é opinião sem respeito, mas perante meus pensamentos me perco.
    Em minha mente acho q nem todos são privilégiados das subculturas, apenas os q possuem motivos coerentes podem fazer parte. Não pq virou modinha, ou achou legal q deve sair por ai se auto denominando oq não é, e vestir camisetas de caras q nem sabe quem foram, deve fazer parte pois se identifica com a cultura, as idéias, características, vestimenta e etc..., tem q se pesquisar e aprender, caso contrário não mereceria. Se for para ser parte de algo q seja de verdade!!-tem q levar a sério e se decidir, pq nem tudo é brincadeira, não dá para se brincar de ser rocker, gótic, lolita, pin up, etc... ou estaria brincando com oq vc é, ou queira ser, com sua identidade.
    E com a hibridização a imagem das subculturas seriam manchadas por posers e wannabes, ou até mesmo poderia ser descoberto os verdadeiros dentre as subculturas-olhando por um ângulo. Mas tenho certeza q vamos sentir falta de sermos estranhos, de atrairmos olhares, enfeitarmos e trazermos graça e nostalgia as ruas, de sermos diferentes e tão reais, de trazermos um pouco dos bons tempos antigos para o atual decadente. Dos bons tempos onde eram escassos os posers e wannabes, onde eramos quase todos fieis, verdadeiros e sérios dentre as subculturas. E eu jamais quero q isso mude, no mundo já há pessoas nojentas demais, elas não precisam contaminar e invadir nossas belas subculturas, já arruinaram o resto do mundo, já basta para elas-tem q parar por ai- pena q seja tarde, as *pin ups* por exemplo já estão se tornando vitimas, os *rockeiros* principalmente foram os primeiros.
    Isso me revolta, me enfureci, me entristece, me traz um pouco de dor, principalmente quando andamos de busão. Não sou de julgar ninguém, e acho errado quem o faz, mas dá uma certa verdade de testar as pessoas, para ver se sabem oq estão escutando e vestindo.
    Bom...acho q tenho de abrir a mente, talvez isso ajude as pessoas a mudarem para melhor, e ajude a trazer mais conhecimento as mentes da sociedade, q além de serem burras e preguiçosas querem impor seus poucos conhecimentos errados e forçar ideologias sobre os outros, com ainda a audácia de dizer q tudo q não provem do conhecimento delas é do demônio. Talvez elas fiquem curiosas, e aprendam a buscar o conhecimento do q vestem e escutam.
    E além do mais do q vale o esforço?-se fosse tudo tão fácil nunca aprenderiamos lição alguma.
    Uau, desabafei...até pareço a *revoltadinha* da vida- mas acho meu modo de ver as coisas meio racista, preconceituoso, eu admito, apesar de ser orgulhosa. Fazer oq minha opinião-;s
    Au revoir-sayonara.
    (ainda bem q não é preguiçosa para ler-^^)
    By: Lady-chan*

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    1. Eu também sou contra, mas pelo que pesquiso essa mistura está se tornando inevitável. Serei sincera com você: não sou mais adolescente e já não me importo mais com posers e wannabes! Por outro lado, sou completamente a favor que todo adolescente e todo jovem experimente e descubra qual subcultura ele faz parte. Eu sou roqueira e dentro do rock experimentei quase todos os estilos.
      Todos tem preconceitos, eu também tenho os meus! Preconceito é ignorância? Sim, pode ser! Mas nesse caso é também uma questão de conservadorismo e tentativa de preservação da "cena" e um pouco de intolerância com atitudes que são novas ou diferentes das habituais. Abrir a mente é bom, mas Às vezes a questão de "choque de gerações" entra em cena. ^^

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  8. Olá, boa noite!!
    Bem quando mencionou *adolescente* acertou-^^.E também a *preservação*, mas acho q queiramos ou não, as coisas acontecem e mudam, e pode ser até melhor, apenas tenho q abrir a mente, pois nem todas as mudanças podem ser ruins, e se forem servem de algo-disso eu tenho certeza, seja de confirmação ou de lição. O fato é q já q parece ser inevitável eu estou esperando, com preconceitos ou não-^^.
    Bjss-blog parfait.
    Au revoir.
    By: Lady-chan*

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